segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Há aproximadamente duas semanas eu estava ao lado do meu professor de yoga com quem, vale se ressaltar, não simpatizo muito. Estávamos conversando e ele me perguntou (ou acho que sozinha cheguei a esse ponto) o que a yoga tinha mudado na minha vida. Falei que estava menos ansiosa, tentava ser menos imediatista. Esqueci do ponto principal: meu corpo e mente nunca foram tão amigos um do outro.
Uma vez, já faz um bom tempo, estava folheando uma revista quando vi uma nota e uma imagem ao lado, dizendo: "o estilista tal separou-se de sua mulher que praticava yoga, e em sua 'homenagem' criou uma camisa com os dizeres 'fuck yoga'". Na hora achei aquilo o máximo, alguém não estava naquela modinha babaca de fazer yoga.
Enfim, resumindo, entrei anos depois deste episódio, na yoga. A questão é que, aos poucos, como alguém que vai nutrindo um respeito por outrem, eu vou pelo meu corpo. Nunca o levei em consideração porque nunca me levei em consideração. Arranquei meus cabelos até formar buracos, me fiz de piada para os outros só para ser aceita, morri de fome várias vezes por vontade própria, furei minha pele até sangrar só para tirar um pêlo encravado, me estalei até minhas articulações doerem e eu não conseguir me mover normalmente, bati em objetos de madeira até ralar minha mão, pratiquei 'sexo inseguro' com alguém que não confiava, tomei bebidas ácidas tendo gastrite e alcóolicas sob o efeito de anti-depressivos, ingeri 5 pílulas laxativas quando o máximo permitido eram 2. Entre outras coisas.
Se o corpo é o templo de Deus, na visão cristã, sou uma herege terrível. Porém, arrependida.
Na yoga, desconforto nas posições (asanas) é inadmissível. É preciso respeitar seu corpo, dar tempo a ele. Às vezes ainda forço. Bem menos agora, é verdade.

"For ignoring you: my highest voices.
For smiling when my strife was all too obvious.
For being so disassociated from my body,
and for not letting go when it would’ve been the kindest thing.

To whom do I owe the biggest apology?
No one’s been crueler than I’ve been to me."


Thank you, India.

Um comentário:

Eu# disse...

Porra, esse post tá muito bom, sério! E essa música de Alanis é foda. =*